Mais um post sobre lições de negócios em séries, extraindo e refletindo sobre conhecimentos de Administração. A intenção nunca é a crítica da série, mas fazer paralelos com o mundo dos negócios. Hoje abordaremos a minissérie: Queda Livre: A Tragédia do Caso da Boeing.
RESUMO
A série trata sobre as quedas dos voos Lion Air 610 em 2018 e Ethiopian Airlines 302, apenas 5 meses depois. E que causou 346 mortes. Em comum, a mesma aeronave o modelo 737 Max da Boeing. A série traz um pouco dos bastidores dos acidentes, o lado dos familiares dos mortos, das investigações, denúncias, entrevistas e declarações da empresa e dos envolvidos.
O 737 Max da Boeing foi lançado em meio a uma época de forte concorrência no mercado, principalmente da Airbus que havia lançado uma nova e moderna aeronave que estava crescendo rápido no mercado, o A320 Neo. E aparentemente, para se manter competitiva diversas ações condenáveis foram tomadas de modo a criar e lançar o 737 Max no mercado em tempo hábil.
Diferente da Airbus, ela não montou um aeronave do zero, não daria tempo, seriam muitos anos de estudo. Fizeram então grandes melhorias no modelo existente, o 737, com principal foco em melhorar o consumo de combustível, o grande problema da época. E com os motores novos reposicionados, implantaram o MCAS um dispositivo de correção automático de desestabilização.
Uma das ações condenáveis citadas, é que a gestão que havia assumido a Boeing, diferente dos anos anteriores que priorizaram a segurança, passou a focar somente no prazo, diminuindo a equipe relacionada a inspeção, bem como a autonomia e poderes. Ou seja, uma série de questões eram levantadas e apontadas internamente mas não tinham a atenção necessária, e uma delas foi justamente o tal novo sensor criado o MCAS, que internamente já gerava grande desconforto.
Para poder liberar ao mercado sem precisar fazer treinamento aos pilotos, o que encareceria muito o preço do avião para as companhias, ele lançaram, com aval dos órgãos de controle, que era apenas um versionamento. Deixando de lado importantes informações das novidades, como o sensor, e principalmente de como os pilotos deveriam proceder em caso de erros.
Dias antes do primeiro acidente, situações estranhas ocorreram com o sistema sendo acionado sozinho e atrapalhando a pilotagem, que foi revertida pelos pilotos. O sensor foi trocado, mas nada mais foi feito pela cia, como a recalibragem e testes pela manutenção.
No voo seguinte o piloto já não teve o mesmo raciocínio, e o sistema automático de correção de voo empurrou o avião para baixo provocando a queda fatal.
Enquanto investigações e declarações ainda eram feitas pelo acidente anterior, mais um avião cai, agora na Ethiopian Airlines. E com todos os desencontros de informações emitidas pela Boeing, Órgãos de Regulação e Ethiopian e Lion Air, o Boeing 737 Max foi impedido de voar até que algo concreto fosse entendido.
Depois de muito relutar o CEO da Boeing fez o mínimo, reconheceu que a empresa teve culpa pelos dois desastres. Resumidamente implementaram um sistema totalmente novo de navegação, baseado em informações de um único sensor, este foi mal comunicado, e os envolvidos não tiveram treinamento adequado sobre o sensor e o que fazer em eventuais falhas. Mais de 4 mil horas de testes foram realizadas, 2 anos dos aviões parados e o avião foi finalmente liberado a voar. Amargando um prejuízo de mais de 20 bilhões de dólares! Valeu a pena?!
LIÇÃO 1 - Ética e Segurança em Primeiro Lugar
A segurança muitas vezes deixada em segundo plano, pelas pessoas, e pelas empresas, em favor de metas financeiras ou prazos apertados, pode ter consequências devastadoras. As empresas devem garantir que a segurança seja uma prioridade absoluta em todos os aspectos de suas operações. E isso é ainda mais crítico em negócios como aviação, mineração, carpintaria, tudo que envolva máquinas pesadas.
O incidente destacou a importância crítica de priorizar a segurança. As empresas devem garantir que os produtos sejam projetados, fabricados e testados com os mais altos padrões de segurança, evitando comprometer a segurança em favor de considerações comerciais ou de prazos.
LIÇÃO 2 - Transparência e Comunicação Eficaz
A gestão de crises requer uma comunicação clara, honesta e transparente. A falta de transparência pode minar a confiança dos clientes, acionistas e do público em geral. É importante que as empresas forneçam informações atualizadas e precisas sobre problemas ou falhas, bem como sobre as ações que estão sendo tomadas para resolvê-los. E isso não é apenas para os momentos de crises, servem para toda e qualquer comunicação. Faça sempre com ética, assertiva e corretamente.
LIÇÃO 3 - Aprendizado e Melhoria Contínua
As empresas devem adotar uma abordagem de aprendizado contínuo, analisando as causas raiz dos problemas e implementando medidas corretivas eficazes. Isso pode envolver a revisão de processos, o fortalecimento da cultura de segurança e o investimento em treinamento adequado para os funcionários. Algo que é muito comum na aviação e deveria servir para toda a indústria, acidentes aéreos quando acontecem, têm como causa fatores que não se repetem, pois tudo que se aprende com a queda de uma aeronave é usado para evitar outra tragédia igual.
Observação
Desastres aéreos são raros, o risco de um passageiro ser morto em um acidente de carro apenas no caminho para o aeroporto é estatisticamente dezenas de vezes maior do que no voo em que ele embarcará.
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